Análise GeoEspacial ESG

Como monitorar Áreas de Preservação Permanente (APPs) com Sensoriamento Remoto

Como monitorar Áreas de Preservação Permanente (APPs) com Sensoriamento Remoto

As Áreas de Preservação Permanente (APPs) são essenciais para a conservação ambiental, uma vez que possibilitam a proteção de recursos hídricos, a manutenção da biodiversidade e a estabilidade e proteção do solo. Monitorar essas áreas representa um grande desafio devido à extensão, à diversidade dos ecossistemas envolvidos e às pressões antrópicas, como o desmatamento e a urbanização desordenada.

O Sensoriamento Remoto apresenta-se como uma solução eficaz para o monitoramento e a delimitação de APPs. Utilizando tecnologias avançadas, como satélites e drones, é possível obter imagens detalhadas e atualizadas dessas áreas, facilitando a análise de mudanças na cobertura vegetal e uso do solo e a detecção de atividades irregulares. 

Neste artigo, você descobrirá o que são as APPs, como é possível delimitá-las e monitorá-las com o uso de imagens de satélite. Você vai entender os benefícios do uso de Sensoriamento Remoto na gestão de APPs para diferentes mercados e finalidades, como a obtenção de certificações ambientais, o monitoramento por órgãos governamentais e a gestão ambiental corporativa. Boa leitura!

O que são áreas de preservação permanente (APPs)?

APPs são áreas protegidas pela legislação brasileira, que podem ou não estar cobertas por vegetação nativa. Conforme o Código Florestal (Lei Federal n.° 12.651/2012), elas têm funções ambientais essenciais, como a preservação dos recursos hídricos, a manutenção da paisagem, a estabilidade e proteção do solo (prevenção de erosão e deslizamentos, bem como evitam a perda de solo fértil), a conservação da biodiversidade e a promoção da troca genética de flora e fauna e, portanto, promovem a segurança e bem-estar humano também.

As APPs incluem florestas e outras formas de vegetação natural situadas ao longo de rios e cursos d’água, com faixas marginais de larguras mínimas que variam de 30 a 500 metros, dependendo da largura do curso d’água. Também são consideradas APPs as áreas ao redor de lagos, lagoas, reservatórios naturais ou artificiais, nascentes, no topo de morros e serras, nas encostas com declividade superior a 45°, nas restingas, nas bordas dos tabuleiros e chapadas, e qualquer vegetação em altitudes acima de 1.800 metros. 

A supressão de vegetação nessas áreas não é permitida, salvo se autorizada pelos órgãos ambientais competentes em casos de utilidade pública, baixo impacto ambiental ou interesse social, conforme disposto na legislação.

Uso de Sensoriamento Remoto no monitoramento de APPs

O Sensoriamento Remoto é um conjunto de técnicas e processamentos que permite obter informações sobre a superfície terrestre sem a necessidade de contato físico, e, hoje, na era digital e do desenvolvimento de satélites, se tornou uma tecnologia geoespacial. Por meio de dispositivos como câmeras, lasers, receptores de radiofrequência, sistemas de radar e satélites, é possível capturar dados detalhados que são posteriormente analisados para suportar decisões nas mais diferentes áreas, como na gestão ambiental.

Existem duas abordagens principais no Sensoriamento Remoto: a técnica aérea e a técnica orbital. A primeira utiliza sensores instalados em aeronaves ou drones para captar imagens da superfície terrestre, enquanto a segunda envolve sensores acoplados em satélites, permitindo ampla cobertura territorial. Essas tecnologias são fundamentais para a gestão ambiental.

Atualmente, a computação em nuvem e algoritmos avançados permitem a análise automatizada de séries temporais de imagens de satélite, facilitando a detecção de alterações na superfície terrestre ao longo do tempo. Essas informações são cruciais para a elaboração de relatórios, o planejamento ambiental e a tomada de decisões baseadas em dados concretos.

Aplicações práticas

O Sensoriamento Remoto pode ajudar diversos setores no desafio de monitorar e delimitar APPs. Confira alguns exemplos:

Agronegócio:

No setor agrícola, o Sensoriamento Remoto é essencial para a obtenção de certificações ESG, como a Bonsucro e a RenovaBio, uma vez que as imagens de satélite comprovam que as áreas agrícolas não sofreram desmatamento em determinado período. Além disso, é utilizado para monitoramento agrícola, identificando datas de plantio, senescência e colheita.

Órgãos ambientais:

Para esses órgãos, o Sensoriamento Remoto é uma ferramenta poderosa para monitorar e fiscalizar APPs, garantindo a conformidade com a legislação ambiental e detectando atividades ilegais.

Energia:

No setor de energia, as geotecnologias auxiliam na gestão ambiental, desde a aquisição e tratamento de imagens de satélite até a identificação de uso do solo, tipos de vegetação e áreas protegidas. Isso promove a preservação ambiental, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável, além de garantir a conformidade com a legislação.

Regulação fundiária:

O uso do Sensoriamento Remoto no monitoramento de APPs não somente fortalece a gestão ambiental, mas também oferece vantagens legais e tributárias para proprietários rurais. Com a aprovação da Lei n.º 14.932/2024, passou a ser permitido o uso do Cadastro Ambiental Rural (CAR) como base para declarar APPs e outras áreas protegidas como isentas do cálculo do ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural). Essa medida substitui a necessidade do Ato Declaratório Ambiental (ADA), simplificando o processo junto à Receita Federal. Ao utilizar imagens de satélite para comprovar a presença e integridade dessas áreas, o proprietário rural garante maior segurança jurídica, reduz encargos tributários e reforça sua conformidade ambiental.

Comece a utilizar o Sensoriamento Remoto na gestão de APPs!

Monitorar e preservar Áreas de Preservação Permanente (APPs) são ações vitais para a manutenção da qualidade ambiental e da biodiversidade. O uso de tecnologias de Sensoriamento Remoto permite uma gestão mais eficaz dessas áreas, garantindo a detecção de mudanças e a tomada de decisões informadas. 

A Geoambiente oferece soluções avançadas de Sensoriamento Remoto, ajudando a promover a preservação e recuperação de APPs. Com ferramentas como o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) e imagens de satélite, é possível identificar níveis de vegetação e áreas degradadas, contribuindo para a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável em diversas regiões brasileiras.


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Sobre o(a) autor(a)

Ana Carolina Rezende

Engenheira Agrônoma com Mestrado em Sensoriamento Remoto e especialização em Agronegócios e Inovação Tecnológica. Especialista em projetos e certificações ambientais.

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