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Anthos: a importância da plataforma do Google em estratégias multicloud

Anthos
Escrito por Karen Ferraz

Apesar da flexibilidade oferecida pela computação em nuvem, muitas empresas acabam ficando presas a fornecedores e seus mecanismos de trabalho. Isso dificulta o gerenciamento de custos, prejudica a agilidade operacional e pode até limitar o acesso aos dados da própria empresa.

O Google Cloud, em cooperação com seus parceiros, clientes e uma comunidade independente de pesquisadores, acadêmicos e desenvolvedores de código aberto, traz uma novidade ao mercado que promete mudar esse cenário. Trata-se da solução Anthos, que já vem sendo utilizada por diversas organizações ao redor do mundo.

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Vantagens de um stack de tecnologia único

O Anthos é uma plataforma do Google Cloud para modernização de aplicativos e operações agnósticas em várias nuvens. Mas, para facilitar sua compreensão, vamos relembrar como a tecnologia voltada para o consumidor evoluiu nos últimos anos: hoje um desenvolvedor em qualquer lugar do mundo consegue criar um aplicativo HTML5 que pode ser usado por qualquer pessoa, em qualquer lugar, em qualquer dispositivo compatível.

O mesmo vale para os smartphones com seus sistemas operacionais Android e iOS – a maioria dos usuários está executando a mesma versão do stack de tecnologia o tempo todo. Nessas plataformas, o desenvolvedores têm uma experiência única e poderosa, geralmente construída em padrões abertos, para velocidade máxima.

Por meio de práticas como implantação e integração contínuas, os desenvolvedores podem lançar pequenas versões com mais frequência, seja de softwares, apps e outros. Podem detectar e corrigir bugs antes de distribuir o software aos clientes. Se todos os bugs forem encontrados com o primeiro 1% dos usuários, para o restante dos usuários a taxa de bug percebida é 100 vezes menor! Quando se trata de software para o consumidor, as atualizações simplesmente funcionam.

Mas por que isso não aconteceu no âmbito corporativo? Embora todas as empresas usem hardware e software semelhantes, a integração é diferente. Em vez de um stack único, uniforme e com atualização automática, todos têm sua própria matriz de versões, com várias “peças” diferentes.

No caso de um fornecedor de SaaS, as atualizações são sempre lentas, raras e mais caras. O impacto desse atrito de atualização é enorme: se você assumir apenas uma desaceleração de 20% na velocidade, composta ao longo de 25 anos, isso é um fator de 100 vezes! Não é à toa que tecnologia “consumer” está à frente da tecnologia corporativa.

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Anthos: o que é, como funciona e quais os benefícios?

Como vimos, é vantajoso ter um stack único de tecnologia, com atualizações automáticas. E o mesmo vale para empresas! O “núcleo” deve ser padrão para que organizações possam personalizar com aplicativos exclusivos que realmente importam para sua competitividade.

Esse “core” deve ser de código aberto, para que funcione em qualquer ambiente, sem dependência de fornecedor. Também deve acomodar sistemas legados, uma vez que há muita tecnologia crítica para transportar. Além disso, precisa ser executado on-premise (localmente), na nuvem e na borda (edge computing).

Tudo isso é oferecido pelo Anthos. Trata-se de uma plataforma de código aberto que integra dezenas de APIs de código aberto, como contêineres Kubernetes, e os fornece como um stack gerenciado. Roda em diferentes nuvens, data centers locais e em dispositivos de borda.

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Desde o lançamento do Anthos pelo Google, em 2019, a empresa trabalha com pesquisadores independentes, acadêmicos, parceiros e membros da comunidade de código aberto para aumentar sua capacidade.

Uma pesquisa recente da Forrester revelou que o Anthos oferece um retorno sobre o investimento (ROI) de até 4,8 vezes, enquanto aumenta a produtividade, a eficiência operacional e a velocidade de migração de aplicativos.

Com o Anthos, as empresas são capazes de manter seu hardware de servidor existente e seu provedor de nuvem preferido, e executar praticamente qualquer coisa. Não é necessário reescrever os aplicativos para funcionar em estruturas mais recentes.

Assim, todos os softwares comerciais, os códigos desenvolvidos internamente e a tecnologia de código aberto passam a ser concentradas em único lugar. A solução também traz mais eficiência nas operações e segurança, oferecendo uma única maneira consistente de implantar, executar, monitorar e proteger aplicativos em qualquer ambiente.

Outra vantagem do Anthos refere-se aos aplicativos corporativos Java. Por meio das ferramentas de migração da plataforma, eles podem ser movidos para contêineres que são mantidos no local ou na nuvem. Os custos de infraestrutura e licenciamento reduzem imediatamente, seguidos por menores custos de operação e manutenção decorrentes da simplificação da manutenção e do monitoramento. Isso também vale para aplicativos herdados do Windows Server e muitos outros softwares corporativos antigos.

Em resumo: assim como a tecnologia para o consumidor, novas versões de software corporativo agora podem ser lançadas com mais rapidez e segurança, graças ao Anthos! A análise de segurança automatizada, como varredura de vulnerabilidade e binários assinados seguros, melhora a segurança, da mesma forma como ocorre na tecnologia “consumer”.

“Por ser baseado em código aberto, o Anthos proporciona para as nuvens o mesmo que o sistema operacional Linux fazia para os servidores há 20 anos. O Linux foi uma escolha segura para evitar o aprisionamento, com um rico ecossistema e muitos desenvolvedores independentes. Enquanto os titulares lutavam por seus sistemas operacionais proprietários, o Linux ficava cada vez melhor, mais poderoso e mais útil. Assim também é o Anthos”, comparou Urs Hölzle, vice-presidente sênior de infraestrutura técnica e Google Fellow da Google.

Diversas empresas como HSBC, Telegraph Media Group e Major League Baseball já estão usando o Anthos. Elas utilizam a solução juntamente com o BigQuery, o data warehouse empresarial do Google Cloud, para os dados armazenados na Amazon Web Services (AWS) e na Azure (em breve) com o BigQuery Omni.

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Sobre o(a) autor(a)

Karen Ferraz

Jornalista especializada em tecnologia há mais de 10 anos, com atuação em veículos nacionais e internacionais. Atualmente, é mestranda em Sustentabilidade pela USP, onde pesquisa mudanças climáticas.

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